domingo, maio 04, 2008

Visão do paraíso - Guilherme Arantes

 
 


Existe alguém esperando pra ser
Mais que uma ilusão
Alguém que vai ao seu lado trazer
O fim da solidão
Será real
Um ser de luz, carne e osso
E coração
Dará sinal
Aparição luminosa
Visão, visão do paraíso
Alguém virá como num sonho feliz
Ser teu anjo bom
Será verão só de tocar no teu nome
E se espalhar
Ondas de som
Aparição luminosa
Visão, visão do paraíso
São meus aqueles dois olhos
Sentido dos sonhos que eu sonhei
Mapa das visões
Visões, os dias mais claros
E os teus olhos fontes de uma eterna juventude
Me dê a mão;
Deixa a tarde morrer
No Arpoador
Será verão só de tocar no teu nome
E se espalhar
Ondas de som, aparição luminosa visão
Visão do paraíso.

Ando por aí - Cássia Eller


Ando por aí
querendo te encontrar
Em cada esquina,
paro em cada olhar
Deixo a tristeza
e trago a esperança
em seu lugar
Que o nosso amor
pra sempre viva,
minha dádiva
Quero poder jurar
que essa paixão jamais será
Palavras, apenas
Palavras pequenas
Palavras... ao vento

Insensatez - Vinicius de Moraes e Tom Jobim


Ah, insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor o seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi tão fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado
Vai, meu coração, ouve a razão
Usa so sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado

AFINIDADE - Artur da Távola


A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
E o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento
Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas. Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.